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Quem apoia o tarifaço de Trump no Brasil? Pesquisa revela perfil dos 19% favoráveis à taxa de 50%

O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil, previsto para entrar em vigor no início de agosto, divide opiniões no país. Segundo pesquisa recente da Quaest, apenas 19% dos brasileiros apoiam essa medida que impõe uma taxa de 50% sobre diversos produtos brasileiros exportados para os EUA. O levantamento aponta que o apoio à taxa é minoritário em todos os grupos sociais, mas há perfis específicos que demonstram maior simpatia pela ação americana.

A análise da Quaest mostra que o apoio ao tarifaço é mais forte entre homens, eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro e aqueles que se identificam politicamente à direita. Entre os homens, 25% defendem a decisão de Trump, enquanto entre as mulheres, o percentual cai para 14%. Essa diferença revela como fatores culturais e políticos influenciam a percepção sobre as medidas econômicas externas.

No recorte por renda familiar, o apoio ao tarifaço de Trump também varia. Pessoas com renda superior a cinco salários mínimos apresentam 25% de aprovação, contra 15% entre as que recebem até dois salários mínimos. A classe média, que recebe entre dois e cinco salários mínimos, apresenta um índice intermediário de apoio, com 20%. Esses dados indicam que a percepção sobre o tarifaço está relacionada a níveis econômicos, possivelmente refletindo diferentes visões sobre as relações comerciais internacionais.

Um dos pontos mais destacados na pesquisa é a divisão pelo voto na eleição presidencial de 2022. Entre os que votaram em Jair Bolsonaro no segundo turno, 41% apoiam o tarifaço de Trump. Já entre os eleitores de Lula, apenas 6% consideram correta a imposição da taxa. Outros 15% dos que votaram branco, nulo ou não votaram manifestam apoio à medida. Esses números reforçam a conexão entre posicionamentos políticos internos e opiniões sobre políticas externas que impactam o Brasil.

Além disso, a Quaest revela que o espectro político tem influência direta no apoio à tarifa. Os bolsonaristas são o grupo mais favorável, com 42% de respostas positivas. Pessoas que se definem como de direita, mas não bolsonaristas, também apresentam 40% de aprovação. Por outro lado, eleitores que não se posicionam politicamente ou que se identificam com a esquerda têm índices bem menores, 10% e 2% respectivamente, mostrando que o alinhamento ideológico é chave para entender a aceitação da medida.

É importante destacar que, mesmo com o apoio restrito, o tarifaço de Trump ganhou atenção na mídia e repercussão política no Brasil. A taxa de 50% foi aplicada sobre diversos produtos brasileiros, com exceções para cerca de 700 itens, mas manteve sob pressão setores importantes como o café e a carne, que representam fatias significativas das exportações brasileiras aos EUA. Essa decisão norte-americana gerou debates sobre os impactos econômicos e a necessidade de negociação diplomática.

No contexto econômico, o tarifaço ameaça a estabilidade de segmentos que dependem fortemente do mercado norte-americano. O agronegócio, por exemplo, vê o aumento das tarifas como um desafio à sua competitividade internacional. A pressão sobre a balança comercial pode provocar efeitos em empregos, renda e no crescimento econômico do país. Por isso, a maioria dos brasileiros demonstra preocupação e rejeição à medida, enquanto o governo brasileiro busca alternativas para reduzir os danos.

Em síntese, a pesquisa da Quaest deixa claro que o tarifaço de Trump é rejeitado pela maioria da população brasileira, mas conta com um grupo minoritário significativo que apoia a decisão, sobretudo entre homens, eleitores bolsonaristas e setores mais à direita do espectro político. Essa divisão reflete o cenário polarizado do Brasil, onde questões econômicas internacionais são interpretadas por lentes políticas internas. O futuro das relações comerciais com os EUA dependerá da habilidade diplomática do Brasil para superar esse momento delicado e preservar seus interesses econômicos.

Autor: Schubert Sabin

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