Crescer rápido não é o problema. Crescer errado é.
O mercado adora histórias de crescimento rápido.
Abertura de filiais em tempo recorde. Contratação em massa. Faturamento dobrando a cada trimestre. A narrativa encanta investidores e mobiliza equipes. Mas o que ninguém conta é o outro lado: o de empresas que quebraram logo depois de crescer — porque a estrutura não acompanhou a ambição.
Para Robson Gimenes Pontes, especialista em estruturação de negócios e finanças corporativas, o problema não é acelerar. O problema é fingir que crescer e escalar são a mesma coisa.
“Crescer é aumentar. Escalar é sustentar. Tem muita empresa dobrando de tamanho com base frágil. E o mercado cobra caro por isso”, afirma.
Robson já participou de reestruturações de negócios que estavam no topo das manchetes, mas por dentro, não sabiam calcular margem por unidade, custo real de aquisição de cliente ou tempo de retorno sobre novos investimentos. Resultado: decisões tomadas com base no entusiasmo e corrigidas com demissões, cortes e retrações poucos meses depois.
Segundo ele, os sinais de crescimento mal estruturado aparecem cedo. Só que poucos querem enxergar. “Quando o time técnico começa a pedir calma e revisão de modelo, muita liderança trata como ‘resistência ao novo’. Quando vê, o novo virou descontrole.”
Entre os erros mais comuns, Robson destaca:
- Abrir filiais ou unidades sem fluxo de caixa suficiente para suportar a maturação;
- Ignorar variações de custo fixo e margem líquida ao replicar modelos de negócio;
- Assumir que o que funcionou em um mercado vai automaticamente funcionar em outro;
- Criar metas de vendas descoladas da capacidade operacional ou logística;
- Não preparar o time de finanças para acompanhar o crescimento em tempo real.
A crítica de Robson é direta: crescer com storytelling não sustenta balanço.
“Você pode levantar investimento com uma boa narrativa. Mas para manter, precisa de resultado. E resultado precisa de base. Não tem outro caminho.”
A solução? Planejamento técnico antes da execução.
Empresas que crescem com consistência envolvem o setor financeiro no desenho da expansão, constroem projeções realistas e simulam cenários com responsabilidade. “Quem testa antes, sofre menos depois. Crescer com consciência é o verdadeiro diferencial competitivo.”
E a verdade que poucos admitem: é melhor crescer 30% com estrutura do que 100% e ter que encolher no ano seguinte.
Autor: Schubert Sabin